Bullying
O conceito de bullying começou a ser difundido na década de 80 para definir e caracterizar comportamentos agressivos específicos que ocorriam no meio escolar. Atualmente o bullying não é apenas um problema das escolas ou do meio académico. É um problema da sociedade.
O bullying diz respeito a um comportamento agressivo que surge com a intencionalidade de humilhar, muitas vezes de forma violenta, e envolve um desequilíbrio na noção de poder: a criança ou adolescente designado como agressor, o que pratica bullying, utiliza esse suposto poder (seja através da superioridade física ou pelo domínio sobre a vulnerabilidade do outro) para controlar e prejudicar a vítima. Trata-se de um comportamento repetido e mantido ao longo do tempo, em diferentes momentos.
O bullying inclui ações como ameaçar, atacar do ponto de vista físico, como empurrar, afastar, bater, cuspir, roubar ou danificar objetos; verbal, como gozar, rir-se da fragilidade, ofender, chamar nomes, provocar e procurar que outros repliquem o comportamento ou se afastem; ou pela exclusão de alguém do grupo propositadamente. Corresponde então a um conjunto de maus-tratos, ameaças, coações ou outros atos de intimidação física ou psicológica, exercida de forma continuada sobre uma pessoa considerada fraca ou vulnerável (Priberam, 2021). Não obstante esta definição, importa referir que a prática dos diferentes comportamentos agressivos envolvidos no bullying pode ocorrer sem contato ou confrontação direta entre vítima e agressor. Mais do que nunca, nos dias que correm assistimos a inúmeras situações de cyberbullying, em que se recorre aos meios digitais para assediar, ameaçar ou intimidar a outra pessoa de forma repetida e constante, sem uso de força física ou contacto cara-a-cara e maioritariamente isento de testemunhas ou sem que as mesmas possam aceder à identidade do agressor.
Investigadores da Unicef (2014) demonstraram que, em Portugal, quase metade (46%) dos adolescentes dos 13 aos 15 anos referiram já ter sofrido de bullying. O Observatório Nacional do Bullying registou 407 denúncias em 2020. Entre as vítimas encontram-se mais raparigas e entre os agressores encontram-se mais rapazes, com idades entre os 12 e os 13 anos.
Os pais devem dar abertura comunicacional aos adolescentes, podendo começar com questões simples, perguntando por exemplo como correu o seu dia ou como se sentiu perante determinada situação, com disponibilidade genuína para o escutar e acompanhar, não apenas num dia isolado, mas de forma consistente ao longo do tempo. Mesmo que por vezes não pareça, as crianças estão atentas às ações e reações dos adultos e aprendem com essas ações. A linguagem da violência e da agressividade não é normal, nem expectável, nem aceitável em quaisquer contextos, e também não ajuda ao crescimento, ao desenvolvimento pessoal ou ao fortalecimento do carácter.
É importante estar-se atento aos sinais indicadores de que uma criança ou adolescente possa estar a ser alvo de bullying. Frequentemente observam-se mudanças comportamentais, podendo haver algum alheamento e diminuição da comunicação com a família, alterações de humor, falta de paciência, picos de ansiedade ou sono agitado. O jovem pode ainda apresentar-se “abatido”, demasiado introspetivo, zangado ou facilmente irritável, com relutância em ir à escola, dificuldade de concentração, piores resultados académicos e queixas físicas permanentes (dor de cabeça, de estômago, cansaço). Importa ainda atender a sinais externos como materiais escolares danificados, nódoas negras ou feridas sem explicação coerente, solicitação de dinheiro extra sem justificação credível, isolamento do grupo ou ausência de amigos e manifestação de receio ou evitamento de ir sozinho para a escola ou de passar de passar em determinados locais. Perante estes sinais, importa encorajar a criança ou adolescente a falar e partilhar, proporcionando um ambiente de confiança e partilha segura, em que o mesmo sinta que podendo revelar o que se quiser, sem receio de ser julgado ou criticado.
Da mesma forma que importa estar atento às vítimas, também importa não esquecer o auxílio de que carecem os agressores, já que sendo também eles crianças ou adolescentes, precisam igualmente do devido apoio e acompanhamento, para a resolução do que possa estar a comprometer o seu desenvolvimento e crescimento, com mecanismos de comunicação e interação saudáveis. Muitas vezes os agressores manifestam uma grande necessidade de dominar ou subjugar os outros, conseguindo habitualmente o que pretendem com recurso a ameaças e intimidação. É muito possível que sejam impulsivos e que tenham baixa tolerância à frustração, com dificuldade em cumprir regras e manipulando as variáveis a seu favor, assumindo ainda um comportamento de oposição/desafio à autoridade dos adultos.
A palavra-chave é a PREVENÇÃO.
É fundamental falar abertamente e informar desde cedo as crianças e adolescentes acerca destas agressões. Os adultos e/ou pais devem preparar-se para conseguir explicar às crianças e jovens o que é o bullying, as suas tipologias e fazer entender que os comportamentos que lhe estão inerentes são inaceitáveis e devem ser sempre alvo de denúncia. Os adultos, enquanto pais, educadores, professores ou membros da sociedade em geral, não podem descurar o papel de ensinar a respeitar e a ser respeitado.
"Os comportamentos de bullying podem ser mais ou menos visíveis, porém, TODOS incluem alguma forma de intimidação, agressão ou humilhação física, psicológica, relacional ou sexual."
O presente artigo apresenta uma revisão da literatura e dos dados oficiais referentes ao bullying em contexto escolar em Portugal.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), uma em cada três crianças do mundo, entre os 13 e os 15 anos, é vítima de bullying na escola regularmente.
Mais de 3 milhões de crianças são vítimas de bullying a cada ano
Um em cada 10 alunos desiste da escola devido ao bullying
O WC é um ponto de intimidação
As crianças que fazem o que gostam têm menos probabilidade de se intimidar
A pré-adolescência é a idade em que mais se sofre o bullying
64% das crianças que foram alvo do bullying, não relatam a ninguém que sofreram agressão.
Michael Phelps, o atleta olímpico mais condecorado de todos os tempos, sofreu bullying na infância.
De R. J. Palácio - Wonder conta a história de August, uma criança que nasceu com uma deficiência genética que faz com que o seu rosto esteja completamente deformado. Aos 10 anos, August tem de enfrentar o maior desafio da sua vida: a escola. Uma leitura emocional sobre o milagre que é a vida e a superação de dificuldades.
Saber mais
De Ed Vere - Leonardo é um leão que, ao contrário dos outros, não tem interesse em ser feroz e rugir alto, mas sim em conversar e ler com a sua melhor amiga, a pata Mariana. Juntos, irão enfrentar aqueles que acham a sua atitude e forma de agir inconcebível. Uma história onde a empatia, o género, os estereótipos sociais, a aceitação, a inclusão, o bullying, a coragem, a integridade e a amizade são temas presentes.
De Jordan Scott - Eu Falo como um Rio baseia-se na história do próprio autor, descrevendo uma criança com uma História comovente que se viu obrigada a lidar com a questão da gaguez e todas as suas implicações emocionais, terminando com um final de superação.
Saber maisDe Isabelle Marinov - esta é a História de Leo, uma criança com Síndrome de Asperger, considerada uma Perturbação do Espetro do Autismo (PEA). Leo constrói uma forte amizade com Mara, um polvo fêmea. A experiência da autora, mãe de uma criança autista, e a revisão científica de Tony Attwood, psicólogo clínico especializado na Síndrome de Asperger, tornam este livro uma valiosa ferramenta para pais e educadores que lidam diariamente com os desafios do Autismo.
Saber maisDe Kathleen Glasgow - narrado na primeira pessoa, este romance é o retrato tocante de uma adolescente que passou por vários obstáculos marcantes na sua vida, e da sua viagem de autodescoberta e reconstrução. Este livro permite-nos aprender que o abismo pode ser também um sítio onde, por vezes, se consegue ganhar asas, devagar, e aprender a voar.
Jochem é vítima de bullying pelos seus colegas de escola. O seu colega David evita participar nos ataques a Jochem, mas também não tem coragem de denunciar a situação. Uma manhã, o diretor da escola conta à turma que Jochem não voltou para casa depois de uma festa. David sente-se culpado e juntamente com outra colega vai à procura de Jochem para lhe dizer que está arrependido. Mas será que é tarde demais?
Infelizmente, a história deste filme, não verídica, é igual a tantas outras que acontecem no dia a dia de muitas crianças, demasiado comuns para serem ignoradas.
O filme "Desculpa!" estreou a 17 de Outubro de 2019. Recomendado para jovens a partir dos 12 anos, este filme é essencial e uma ferramenta muito útil para os pais.
Saber mais
O filme é uma história marcante com uma mensagem de esperança sobre a aceitação da diferença, com Julia Roberts e Owen Wilson nos principais papeis. Para crianças a partir dos 12 anos, pais e avós, transmite uma mensagem muito importante sobre bullying e auto-aceitação. Baseado no bestseller do New York Times, “Wonder – Encantador” conta a inspiradora e emocionante história de August Pullman, um menino que nasceu com uma deformidade facial e, por esse motivo, sempre foi muito protegido e isolado da escola e das crianças da sua idade.
Até ao dia em que Auggie se torna o mais improvável dos heróis ao entrar pela primeira vez, no 5º ano de escolaridade, numa escola pública… sentindo-se apavorado!
Assim como a sua família, os seus novos colegas de turma e toda a comunidade enfrentam a capacidade do poder da compaixão, da aceitação e da não-discriminação.
Nesta extraordinária jornada, Auggie vai tentar conseguir com que todos se unam pela mesma causa e provar que todas as crianças são únicas, especiais e nasceram com um dom encantador de se destacar, de amar e ser amados.
A sua força interior e a capacidade de mostrar a sua verdadeira essência vão fazer com que todos entendam que ele é apenas mais uma criança comum, e que a beleza não está na aparência.
Uma história enternecedora para toda a família que vai abrir os nossos olhos e corações e fazer de nós pessoas mais encantadoras!
Saber maisPara poder escapar aos problemas do dia-a-dia, Conor, de 12 anos, encontrou refúgio num mundo de fantasia. Nada na sua vida é simples: na escola, é maltratado pelos colegas; em casa, sofre com a doença da mãe e com a relação fria e distante que tem com a avó.
Apesar da dureza da realidade, à noite – exactamente sete minutos depois da meia-noite – o rapaz recebe a visita do bondoso “monstro-em-forma-de-árvore”. Entre os dois existe um trato: o monstro conta-lhe três histórias de encantar e, em troca, Conor fala-lhe sobre si.
Noite após noite, verbalizando o que vive, pensa e sente, uma amizade muito peculiar vai crescendo entre ambos. E será ao lado deste ser tão especial que o rapaz encontrará a força e coragem necessárias para derrubar os seus medos e superar a raiva sempre contida dentro de si…
“Sete Minutos Depois da Meia Noite” é um filme sobre a dor e a capacidade de superação e vai, sem dúvida, inspirar todas as abobrinhas a enfrentar os seus problemas de frente.
“As Vantagens de ser Invisível” conta-nos a história de Charlie, um rapaz de 15 anos que entra na escola secundária ao mesmo tempo que se recupera de uma depressão. O seu melhor amigo suicidou-se e, na nova escola, o jovem sente-se perdido, cheio de ataques de ansiedade e invisível aos olhos de todos os outros até que com a inesperada ajuduperação, entrando num “mundo à parte”: o dos populares.
Tudo pode mudar de a de dois colegas mais velhos, Patrick e Sam, Charlie começa a sua jornada de socialização, crescimento e recrepente!
Este é um filme aconselhado a jovens a partir dos 14 anos e a sua história é inteligente, delicada, divertida e, muitas vezes, dura. Uma das frases mais inspiradoras do filme diz-nos que “aceitamos apenas o amor que achamos que merecemos” e passa uma mensagem muito forte sobre auto-aceitação e amor próprio.
O australiano Galvin Scott Davis percebeu que o seu filho Benjamin estava a sofrer bullying na escola e, para reconfortá-lo, decidiu procurar, nos muitos livros infantis que tinha pela casa, uma história de embalar apropriada para aquele momento mais infeliz da vida da criança. Como não encontrou, decidiu inventar uma.
“Daisy Chain” é um conto sobre Bree Buttercup, uma menina perseguida por outras crianças, que lhe tiram uma fotografia e a expõem em todas as árvores do parque. É o próprio Benjamin quem ajuda Bree a combater este ataque, usando uma corrente de margaridas – a sua flor favorita.
No espaço de três anos, esta história tão bonita tornou-se um dos livros interativos com o maior número de downloads na Austrália e foi transformada numa curta metragem com a narração de Kate Winslet, a eterna Rose de “Titanic”.
O filme, utilizado por grupos anti-bullying em escolas na Austrália, Estados Unidos e Reino Unido, é muito útil para sensibilização. E é sem dúvida lindo!
Uma história de fantasia e aventura sobre a amizade e o poder da imaginação. Jess é um miúdo inadaptado, tanto na escola – sofre ataques e provocações constantes – como no seio da sua própria família, que passa por muitas dificuldades financeiras.
Jess treinou o Verão inteiro para ser o mais rápido da escola, e assim poder “afirmar-se”, mas vê o seu sonho destruído pela nova colega, Leslie, que entrou numa corrida supostamente “só para rapazes” e ganhou.
Apesar do irritante primeiro contacto, os dois jovens rapidamente se apercebem do muito que têm em comum e tornam-se os melhores amigos. Leslie adora contar histórias de magia e abre um novo mundo de imaginação a Jess. Juntos criarão o reino secreto de Terabitia, um lugar mágico em que só os dois podem entrar.
Inspirador, “O Segredo de Terabítia” mostra-nos que, às vezes, fugir daquilo e de quem nos magoa é mais fácil com um bocadinho de imaginação… e o apoio certo.
Produzido pela Disney, o filme é uma adaptação do livro com o mesmo nome de Katherine Paterson. O roteirista David Paterson é filho de Katherine e a história original é baseada em partes da sua infância.